quinta-feira, 7 de abril de 2011

Crônicas do Busão: “Vamo embora, motorista!"

É... Cada dia é uma surpresa. Nada como o contato direto com o ser humano, este tão complexo, mas às vezes tão simples e de um desprendimento com a sociedade que ainda me faz ficar indignada.

Acabara de entrar no ônibus. Não via a hora de chegar em casa, mas ainda tinha uma hora de viagem pela frente. Algumas pessoas havia embarcado e o ônibus estava parado na rodoviária, esperando dar seu horário de partida. Aquela viagem parecia ser tranquila, mas foi só pensar nisso que escuto um ser gritando do fundo do ônibus:

—Ei, Motorista! Vamu embora!

Imediatamente pensei: “é hoje que não tiro meu cochilo”! E o rapaz, em alto e estridente tom, continuou:

— Motorista, vamu embora! Eu tenho que tomá café!!!

Olhei para trás bufando. Quem era o infeliz que estava berrando daquele jeito? O ônibus tinha que ficar na rodoviária até dar o horário de saída dele e faltavam 3 minutos. Será que esse cara não tinha o mínimo de educação?

Depois descobri que o rapaz conhecia o motorista e estava apenas azucrinando o coitado (e testando a minha paciência também). Era apenas uma brincadeira (insuportável) que rendeu mais um episódio digno dessa crônica.

E seguiu com sua missão de “cara legal”:

— Ow, motorista! Que demora! Vamu embora!

Logo em seguida, ouço a voz de uma criança, que estava sentada nos primeiros bancos do ônibus junto com outras duas. Não devia ter três anos e mal sabia pronunciar as palavras, no entanto, as últimas sairão perfeitas.

— Vamu embora, motorista! Porra, mano!

Fiquei indignada! Tão pequeno e com uma boca suja dessa! Mas não sei por que me indignei... As crianças são assim, reproduzem aquilo que ouvem. Certamente, deve ter ouvido alguém falar daquele jeito e quem estava perto ainda deve ter achado bonitinho.

Na verdade, acho que o palavreado do garotinho veio completar a brincadeira besta do rapaz, que deve ter se segurado para não soltar tais palavras para não ser tão ofensivo. Só sei que depois dessa, só me restou apelar para o fone de ouvido e para as músicas do Pearl Jam e Shakira. Não dormi naquele dia, mas o fone foi a minha salvação, pois o “cara legal”, “amigo” do motorista, fez amizade com a mãe da “criança-boca-suja” e todos matracaram a viagem inteira! Só Deus sabe as pérolas que devem ter saído! Eu não quis arriscar!

6 comentários:

  1. Olá, achei a crônica muito criativa, gostei da retratação e da reflexão que faz pois muitas pessoas hoje em dia não possuem nenhum respeito pelos outros dentro do ônibus, parabéns...

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  2. Oi Kelly, achei a crônica muito interessante porque ela fala de coisas que acontecem no nosso dia a dia e que a cada ano que passa crianças e adolescentes estão ficando com um vocabulário muito sujo, isso é por causa da televisão que transmite cenas de violência e palavreados inadequados para o horário e crianças acabam assistindo e repetindo o que fala na televisão e os pais também são os responsáveis por isso porque na maioria das vezes os pais acabam falando palavrões na frente de seus filhos e eles começam a repetir a mesma coisa. E também está crescendo o número de pessoas que são desrespeitadas em sua profissão e nós temos que parar de desrespeitar as pessoas pelo trabalho que eles exercem porque ninguém gosta de ser desrespeitado.

    Beijos, Kelly
    Aluno do 9 ano C.

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  3. Otávio Rubin de Araujo30 de abril de 2011 às 17:07

    Kelly adorei a história,foi como se eu estivesse dentro do Ônibus naquela hora.Todos os detalhes são perfeitos,não deixou escapar nada,uma relatação(não sei se é verdadeira)muito boa do momento.

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  4. Otávio Rubin de Araujo30 de abril de 2011 às 17:09

    Esqueci de dizer uma coisa,as coisas registradas na história são fatos que infelizmente acontecem todos os dias,é triste principalmente a criança,tão pequena e já fala coisas erradas.

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  5. Obrigada pelos comentários, pessoal!
    Infelizmente, esses episódios de falta de educação e boca suja estão ficando cada vez mais frequentes...
    A educação está crítica!
    Beijo a todos!

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